Marina Carvalho é autora dos livros "Simplesmente Ana" e "Ela É Uma Fera", ambos pela editora Novo Conceito, além de "O Garoto da Mochila Xadrez", que tem lançamento marcado para 2014. Antes de participar da Mesa de Debates sobre Literatura Nacional, na Feira Literária de Valença, Marina, incrivelmente simpática e cheia de conteúdo, conversou com o blog, confira abaixo.
Estante Insólita - Como deu-se a ideia de eleger
a Krósvia para Simplesmente Ana?
Marina Carvalho - Eu tive que inventar um
país, porque eu não queria falar de um lugar que já existisse, para não ficar
inverossímil. A ideia da Krósvia foi uma junção da Eslovênia com a Croácia,
porque eu acho lindo o leste europeu, então quis fazer um país bem
característico daquela região, o nome veio, eu deixei juntar um
pouquinho de um e do outro e saiu Krósvia.
EI - Você escreveu “Ela É Uma Fera”,
uma releitura de Shakespeare. Como funciona o processo de escrita de uma
releitura? Como fazer com que a história original seja mantida, ao passo que suas
características próprias também estejam presentes?
MC - Eu gosto demais de "A Megera
Domada", sempre quis escrever uma releitura, independentemente de publicá-la ou
não, era um sonho que eu tinha, porque é a obra de Shakespeare que eu mais
gosto. Quando eu resolvi escrever para publicar depois, pensei em uma coisa que
se encaixasse com o cenário atual, que eu conhecesse, que é o interior de Minas,
e que mantivesse o pressuposto da história de "A Megera Domada", que é a questão
da filha mais velha e da irmã mais nova. É difícil manter, tanto uma
originalidade do autor, quanto conseguir o casamento ideal com a história
original, mas eu acho que pelo fato de contextualizar a história em uma cidade
pequenas de Minas, com características dos personagens muito próprias de
brasileiros, acho que nesse ponto eu consegui tirar um pouco dessa "amarra" com a
obra original, mas não tem jeito de fazer uma coisa diferente, todas as
releituras de “A Megera Domada” vão ser sempre parecidas.
EI - Houve diferença em relação
ao retorno do livro "Simplesmente Ana" (livro físico) e o
livro "Ela É Uma Fera" (ebook)?
MC - O "Ela é uma Fera" foi
publicado em uma parceria minha com a editora para incentivar a leitura. Eu
tinha a história escrita, nunca pensei em publicar em formato de livro, porque
ela é pequena e a gente resolveu fazer uma publicação dessa forma, mas a
diferença é muito grande. As pessoas preferem e vão sempre preferir o livro
físico por “n” fatores, não só pelo cheiro, mas pelo fato de você conseguir
montar uma coleção, andar com ele debaixo do braço, pedir autógrafos, então a
diferença no recebimento de uma obra e de outra é muito grande. O ebook foi bem
recebido, mas sempre me pedem para tentar com a editora a publicação em formato
físico e eu sempre explico que essa é uma coisa que não está nos planos de
ninguém, porque foi uma obra despretensiosa, as minhas outras histórias vão ser
todas em formato de livro físico. Mas a diferença é bem grande.
EI - Alguns autores consideram
que os personagens tenham capacidade de construírem-se sozinhos, que o escritor
apenas “receba a mensagem” e passe para o papel o que o personagem é e este tem
autonomia para decidir-se por si mesmo. Qual a sua posição em relação a este
pensamento? Como você desenvolve as suas histórias?
MC - Eu faço um planejamento
prévio da minha história toda antes de começar a escrever o primeiro capítulo,
eu sei tudo o que vai acontecer com os personagens mesmo antes de colocá-los no
papel, então o personagem não me conduz, eu conduzo meus personagens, mas eles
acabam adquirindo uma personalidade muito própria porque eu vivo a vida deles
por meses. Quando estou planejando, eu crio um perfil, uma biografia de cada um
antes de começar, gosto de colocar na biografia o gosto musical, comida
preferida, para que eu sinta esse personagem como se fosse uma pessoa, porque
eu acho difícil de ler alguma obra em que a gente não identifique o personagem
como sendo alguém que exista de verdade, então o meu processo se baseia em torno desse planejamento prévio, eu não consigo sentar, esperar e "receber o aviso", não acontece desse
jeito. (Risos)
EI - Em cada livro seu, há características
diferentes, como narração em 1ª ou 3ª pessoa, entre outros. Como acontece o
processo de escolha desse tipo de abordagem da narrativa?
MC - "Simplesmente Ana" é em primeira pessoa,
e acredito que os livros desses gêneros Chick-Lit, Jovens Adultos, todos vem
nesse formato de o personagem principal narrar a própria história. Eu gosto
muito de escrever em primeira pessoa. O "Ela É Uma Fera", por eu precisar mostrar
o ponto de vista de uma irmã, da outra irmã, do bad boy, eu precisava escrever
em terceira pessoa, senão, ele ia ficar focado só em uma delas e não agregaria
todas as características do original, mas eu procuro variar. Estou escrevendo a
segunda parte de "Simplesmente Ana", tem uma diferença na narração e estou
escrevendo um livro New Adult também com uma narração diferente, porque eu acho
que tudo igual sempre acaba se tornando cansativo e eu gosto de experimentar,
mas a primeira pessoa faz o leitor ficar mais próximo da história, parece que
alguém está contando a história para a gente pessoalmente.
http://www.escritoramarinacarvalho.com/
Adorei a entrevista, Mariane! (:
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